Sefer Zemanim – Hilkhot Shofar – Capítulo 2

Halakhá 1
Todos são obrigados a ouvir o sonido do shofar: sacerdotes, levitas, israelitas, prosélitos e servos libertos. Contudo, mulheres, servos, e crianças são isentos da obrigação.

Uma pessoa é que um servo parcialmente liberto, um tumtum, e uma pessoa andrógea são obrigados.

Halakhá 2
Quem não é obrigado por essa questão não pode facilitar a realização da miswá para alguém que é obrigado. Assim, se uma mulher ou criança soa o shofar, aquele que ouve não cumpre sua obrigação.

Um andrógeno pode facilitar a realização da miswá para alguém semelhante, mas não para quem não seja semelhante. Um tumtum não pode facilitar a realização da miswá, seja para alguém semelhante ou não, pois se a [pele que cobre a genitália do] tumtum for aberta, é possível que se descobrirá que o tumtum é um homem, mas é possível que se descobrirá que o tumtum é uma mulher.

Halakhá 3
Uma pessoa que é parte servo e parte livre não pode facilitar a miswá nem para si próprio, porque o aspecto de si que é servo não pode facilitar a miswá para o aspecto de si que é livre.

Como ele cumpre sua obrigação? Deve ouvir um homem livre soar o shofar.

Halakhá 4
Uma pessoa que se ocupa de soar o shofar para aprender não cumpre sua obrigação. Semelhantemente, alguém que ouve o shofar de outra pessoa que toca casualmente não cumpre sua obrigação.

Se a pessoa ouvindo tinha a intenção de cumprir sua obrigação, mas a pessoa tocando não tinha a intenção de facilitar a realização da miswá deste último, ou a pessoa tocando tinha a intenção de facilitar a realização da miswá de seu colega, mas a pessoa ouvindo não tinha a intenção de cumprir a sua obrigação, a obrigação não é cumprida. Ao contrário, tanto a pessoa ouvindo quanto a pessoa que o permite ouvir devem ter a intenção [adequada].

Halakhá 5
Se uma pessoa soou o shofar com a intenção de permitir que todos os que o ouvem soar cumpriam a miswá, e o ouvinte escutou enquanto tinha intenção de cumprir sua obrigiação – mesmo se a pessoa que soou não tinha a intenção específica de que aquele indivíduo ouvisse o seu toque, nem sabia sobre ele – o ouvinte cumpriu sua obrigação, porque o que tocou tinha em mente todos aqueles que o ouviam.

Semelhantemente, se uma pessoa viajava numa jornada ou estava sentado em sua casa e ouviu o toque da pessoa conduzindo a congregação, cumpriu sua obrigação se teve aquela intenção, uma vez que o líder da congregação tinha a intenção de permitir que muitos cumprissem a sua obrigação.

Halakhá 6
Se o Yom Tov de Rosh haShaná cai no Shabat, o shofar não é soado em todo lugar. Mesmo se foi proibido somente como shevut.

Seria apropriado ser soado, pois uma miswá positiva da Torá deveria ter precedência sobre o shevut instituído pelas palavras [da Corte Mosaica]. Se é assim, por que não é soado?

Por causa de um decreto instituído para que a pessoa não o tome e o carregue para um colega para que esse último toque para ele, e o carregue quatro cúbitos em domínio público ou o transfira de um domínio para outro, e assim viole uma proibição [da Torá] passível de apedrejamento. [Isso ocorre porque] todos são obrigados pela miswá de soar o shofar, mas nem todos têm a habilidade para isso.

Halakhá 7
Crianças que não chegaram a uma idade em que possam ser educadas: Não precisamos impedí-las de tocar no Shabat que não seja o Yom Tov de Rosh haShaná, para que aprendam.

A um adulto é permitido se envolver na instrução [de crianças] no Yom Tov. [Isso se aplica] acerca tanto de crianças que atingiram uma idade na qual podem ser educadas e aquelas que não atingiram essa idade, pois o toque é proibido somente como shevut.

Halakhá 8
Quando foi decretado para não soar no Shabat, aplicou-se o decreto somente a lugares que não tinham Bet Din [Corte]. Contudo, enquanto o Templo estava de pé e o Bet Din haGadol [Suprema Corte] se assentava em Jerusalém, todos soavam o shofar em Jerusalém durante todo o período em que a corte tinha sessões ali

[Não se aplicava] somente ao povo de Jerusalém. Ao contrário, toda cidade que estivesse nos limites externos de Jerusalém e cujos habitantes pudessem: ver Jerusalém (isto é, excluindo os que estavam em um vale); ouvir o shofar soar em Jerusalém (isto é, excluindo os que estavam em montanhas); viajar a Jerusalém (isto é, excluíndo aqueles separados por um vale da cidade)

O povo dessas cidades soava o shofar no Shabat como em Jerusalém. Contudo, nas outras cidades de Israel, não se soava.

Halakhá 9
No presente momento, enquanto o Templo estiver destruído, onde quer que um Bet Din [corte] cujos juízes receberam semikhá na terra de Israel têm sessões permanetes, o shofar é soado no Shabat. Além disso, o shofar é soado no Shabat somente num Bet Din que santificou a lua nova. Contudo, o shofar não será socado noutras cortes, mesmo se os seus juízes tiverem recebido semikhá. Além disso, o shofar só é soado para o Bet Din.

Pode ser soado durante todo o tempo em que estiverem em sessão. Mesmo depois de terem começado a se preparar para se levantar – desde que ainda não tenham se levantado – o shofar pode ser soado perante eles. Contudo, fora do Bet Din, o shofar não pode ser soado.

Por que era permitido soar o shofar no Bet Din? Porque o Bet Din é escrupuloso e, em sua presença, aqueles que soam o shofar não levarão o shofar para domino público, pois o Bet Din advertirá o povo e os informará.

Halakhá 10
Na época atual, quando celebramos Rosh haShaná no exílio por dois dias, o shofar é soado no segundo dia assim como é soado no primeiro.

Se o primeiro dia cai no Shabat, aqueles que não estava na presença de um Bet Din [Corte] adequado para soar o shofar no Shabat podem soar o shofar somente no segundo dia.