Sefer Zemanim – Hilkhot Meguilah waHanukah – Capítulo 2

Halakha 1
Quando uma pessoa lê a Meguilah numa sequência imprópria, não cumpre sua obrigação. Se uma pessoa estava lendo, esqueceu de um versículo e leu o versículo seguinte, voltou e leu o versículo que ele esqueceu, e então leu um terceiro versículo, não cumpre sua obrigação, porque leu um versículo em sequência imprópria. O que deve fazer, ao invés disso? Deve começar do segundo versículo, o versículo que esqueceu, e continuar lendo a Meguilah em sua ordem adequada.

Halakha 2
Se alguém encontrar uma congregação que já leu metade da Meguilah, não deve dizer: “Lerei a última metade juntamente com esta congregação, e então voltarei e lerei a primeira metade” pois isso é ler na sequência imprópria. Ao invés disso, deve ler a Meguilah inteira desde o princípio ao fim, em sequência.

Quando uma pessoa lê uma porção e pausa e então volta e continua lendo, uma vez que leu em ordem, cumpre a sua obrigação, mesmo que a Meguilah inteira possa ter sido lida enquanto ele pausou.

Halakha 3
Uma pessoa que lê a Meguilah de cor não cumpre sua obrigação. Uma pessoa que fala outra língua que não o hebraico e ouve a Meguilah lida em hebraico escrito em escrita santa cumpre sua obrigação, mesmo que não compreenda o que está sendo lida. Semelhantemente, se a Meguilah foi escrita em grego, e uma pessoa a ouviu, mesmo uma que fale hebraico, cumpre sua obrigação mesmo que não compreenda o que está sendo lido.

Halakha 4
Se, contudo, for escrita em aramaico ou em outra língua das nações, aquele que a ouve cumpre sua obrigação somente quando compreende a língua e somente quando a Meguilah está escrita naquela língua.

Diferentemente, se a Meguilah foi escrita em hebraico e alguém lê em aramaico para uma pessoa que compreende aquela língua, não cumpre a obrigação, pois está lendo de cor. E uma vez que o leitor não pode cumprir sua obrigação, aquele que ouve o que ele lê também não.

Halakha 5
Uma pessoa que estava lendo a Meguilah sem a intenção desejada não cumpre sua obrigação. O que isso implica? Que ele estava lendo a Meguilah, explicando-a, ou a verificando: Se ele tinha a intenção de cumprir sua obrigação com essa leitura, sua obrigação é cumprida. Se não tinha essa intenção, ele não cumpriu sua obrigação. Se alguém lê enquanto está sonolento, cumpre a sua obrigação desde que não esteja completamente adormecido.

Halakha 6
Quando a afirmação de que uma pessoa cumpre sua obrigação ao ler enquanto escreve uma Meguilah se aplica? Quando ele tem a intenção de cumprir sua obrigação de ler ao ler do rolo que está copiando. Se, contudo, ele objetiva cumprir sua obrigação lendo o rolo que ele está copiando no momento, ele não cumpre sua obrigação, pois não se cumpre a obrigação lendo de um rolo que não estava completamente escrito no momento da leitura.

Halakha 7
Quando uma pessoa erra enquanto lê a Meguilah e lê de uma maneira inexata, ele cumpre sua obrigação, pois não somos requeridos a ler de forma precisa.

Uma pessoa cumpre sua obrigação caso leia de pé ou sentado. Isso se aplica mesmo quando ele está lendo para uma congregação. Ainda assim, no princípio, por respeito à congregação, não se deve ler para a congregação enquanto se senta.

Se duas, ou mesmo dez, pessoas lerem a Meguilah em uníssono, tanto os leitores quanto aqueles que ouvem os leitores cumprem a sua obrigação. Um adulto e uma criança podem ler a Meguilah juntos, mesmo para a comunidade.

Halakha 8
Não devemos ler a Meguilah para a congregação de um rolo que tenha outras Escrituras Sagradas. Caso alguém leia para a congregação de tal rolo, ninguém cumpre a sua obrigação, a não ser que as porções do pergaminho onde estão escritas sejam maiores ou menores do que aquelas do restante do rolo, para que se tornem distintas.

Um indivíduo que lê para si mesmo, contudo, pode ler de tal rolo mesmo que a porção contendo a Meguilah não seja maior ou menor do que o restante do rolo, e assim cumpre a sua obrigação.

Halakha 9
Uma Meguilah só pode ser escrita com tinta em um gavil ou qelef, como um rolo de Torah. Se foi escrito com suco de bugalho ou vitríolo é aceitável, mas se foi escrito com outras tinturas não é aceitável.

Deve ser escrita em pergaminho metrado como um rolo de Torah. O pergaminho não precisa, contudo, se processado com a intenção de ser usado para a miswah. Se foi escrito em papel ou em couro de animal que não foi processado, ou se foi escrito por um estrangeiro ou por um min [herege], não é aceitável.

Halakha 10
As seguintes regras se aplicam quando as letras da Meguilah estiverem apagadas ou rasgadas: Se um traço das letras for discernível, o rolo é aceitável, mesmo se a maior parte das letras foi apagada. Se nenhum traço das letras for discernível, o rolo é considerado aceitável se a maioria das letras estiver intacta. Se não, não é aceitável.

Se o escriba tiver deixado de fora certas letras ou versículos e o leitor as ler de cor, ele cumpre sua obrigação.

Halakha 11
A Meguilah deve ser costurada junta – isto é, todos os pergaminhos nos quais ela está escrita devem estar unidos em um único rolo. Ele deve ser costurado somente com tendões de animais, como um rolo da Torah. Se é costurado com outro fio, não é aceitável.

Não é necessário, contudo, costurar todo o comprimento do pergaminho com tendões animais, como um rolo da Torah é costurado. Desde que se costurem três pontos em uma das pontas do pergaminho, três no meio, e três pontos na outra ponta, é aceitável. Esta permissão é concedida, porque a Meguilah é referida como uma carta [Et. 9:29].

Halakha 12
O leitor deve ler os nomes dos dez filhos de Haman e a palavra “dez” [Et. 9:7-10] em um único fôlego, para demonstrar a todo o povo que eles foram todos enforcados e mortos juntos.

É um costume judaico universalmente aceito que, a medida que o leitor da Meguilah ler, ele abre o texto como uma epístola. Quando conclui, ele retorna, e enrola todo o texto, e continua com a bênção.

Halakha 13
Nesses dois dias, o décimo-quarto e o décimo-quinto de Adar, é proibido fazer uma eulogia [a um morto] ou jejuar. Essa proibição se aplica a todas as pessoas em todos os lugares: aos habitantes das cidades muradas que celebram somente no décimo-quinto e aos habitantes das cidades não-muradas que celebram somente no décimo-quarto.

Em um ano embolísmico, é proibido fazer eulogia e jejuar nessas duas datas no primeiro mês de Adar assim como no segundo mês de Adar. Quando os habitantes dos vilarejos lêem a Meguilah mais cedo, na segunda ou na quinta antes de Purim, é permitido a eles fazer eulogia e jejuar no dia que lêem a Meguilah, e é proibido a eles fazer eulogia e jejuar nessas duas datas, mesmo que eles não leiam a Meguilah neles.

Halakha 14
É uma miswah para os habitantes dos vilarejos e cidades não-muradas considerarem o décimo-quarto de Adar – e aos habitantes das cidades muradas considerarem o décimo-quinto de Adar – como dias de alegria e festividade, quando porções de alimentos são enviados para os amigos e presentes são dados aos pobres.

É permitido trabalhar nesses dias. Não é, contudo, adequado fazê-lo. Nosso sábios declararam: “Quem quer que trabalhe em Purim nunca verá um sinal de bênção.”

Caso os habitantes dos vilarejos leiam a Meguilah mais cedo, numa segunda ou quinta, e dêem presentes monetários aos pobres no dia em que lêem, eles cumprem sua obrigação. O alegrar-se e as festividades de Purim, porém, devem ocorrer somente no décimo-quarto dia. Se eles a fizeram antes, os participantes não cumprem sua obrigação. Uma pessoa que faz o banquete de Purim à noite não cumpre sua obrigação.

Halakha 15
Qual a natureza da nossa obrigação para este banquete? Uma pessoa deve comer carne e preparar a festa mais atrativa possível. Deve beber vinho apenas até a cabeça pesar, e ir dormir.

Semelhantemente, uma pessoa é obrigada a enviar duas porções de carne, ou dois outros pratos cozidos, ou dois outros tipos de alimento a um amigo, conforme é dito: “e de mandarem presentes uns aos outros” – isto é, duas porções a um amigo. Quem, contudo, envia porções a muitos amigos é admirável. Se alguém não tem recursos para enviar presentes de alimento a um amigo, deve trocar uma refeição com ele, cada um enviando ao outro o que preparou para o banquete de Purim, e assim cumprindo a miswah de enviar presentes de alimento aos amigos.

Halakha 16
É obrigatório fazer caridade aos pobres no dia de Purim. No mínimo, dar um presente a dois pobres, seja dinheiro, alimentos cozidos, ou outros alimentos, conforme implícito em “presentes ao pobre”s [Et. 9:22] – isto é, dois presentes a duas pessoas pobres.

Não devemos discriminar ao selecionarmos os que receberão esses presentes de Purim. Ao invés disso, deve-se dar a quem quer que estenda sua mão. Dinheiro dado para ser distribuído em Purim não deve ser usado para outros propósitos de caridade.

Halakha 17
É preferível que uma pessoa seja mais liberal com suas doações aos pobres do que esbanjar em sua preparação para o banquete de Purim, ou em enviar porções aos seus amigos. Pois não há maior e mais esplêndida felicidade do que alegrar os corações dos pobres, dos órfãos, das viúvas, e dos guerim.

Alguém que traz felicidade aos corações desses indivíduos menos afortunados é semelhante à Presença do Eterno, sobre a qual é dito: “para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” [Is. 57:15]

Halakha 18
Todos os livros dos Nevi’im e dos Ketuvim serão nulos na Era Messiânica, com a exceção da Meguilah. Ela continuará a existir, como os cinco livros da Torah, e as halakhot da Torah que é falada, que nunca serão anulados.

Apesar de todas as memórias e dificuldades de nosso povo serem anulados, conforme é dito: “porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos”, [Is. 65:16] a celebração dos dias de Purim não será anulada, conforme é dito: “e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua descendência.” [Et. 9:28]