Sefer Zemanim – Hilkhot Hames uMassah – Capítulo 7

Halakha 1
É uma miswah positiva da Torah relatar os milagres e prodígios operados para os nossos antepassados no Egito na noite do décimo-quinto de Nissan, conforme é dito: “Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito.” [Ex. 13:3]. Assim como é dito: “Lembra-te do dia de Shabat” [Ex. 20:8]

De onde [sabemos ser] a noite do décimo-quinto? A Torah ensina: “E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é porque…” [Ex. 13:8] [O que indica que é] quando massah e maror estiverem diante de ti.

[Isto se aplica] mesmo se alguém não tiver um filho. Até mesmo os grandes sábios são obrigados a falar acerca do Êxodo do Egito. Quem quer que elabora acerca dos eventos que ocorreram e sucederam é louvável.

Halakha 2
É uma miswah informar os filhos mesmo que eles não perguntem, conforme é dito: Farás saber a teu filho.” [Ex. 13:8]

Um pai deve ensinar ao seu filho segundo o conhecimento do filho: Como isso se aplica? Se o filho é jovem e tolo, deve dizer: “Meu filho, no Egito fomos todos servos como essa ama ou esse servo. Nesta noite, o Sagrado, bendito seja Ele, nos redimiu e nos levou à liberdade.”

Se o filho é mais velho e sábio, deve informá-lo do que aconteceu no Egito e dos milagres operados a nós por meio de Moshe Rabenu; tudo de acordo com o conhecimento do filho.

Halakha 3
Deve-se fazer mudanças nessa noite para que as crianças vejam e perguntem: “Por que esta noite é diferente de todas as outras noites?” até que ele lhes responda: “Isso e aquilo ocorreram; isso e aquilo sucederam.”

Que mudanças devem ser feitas? Deve-se dar a eles sementes e nozes assadas; a mesa deve ser tirada antes deles comerem; massot devem ser removidas um do outro, e coisas semelhantes.

Quando uma pessoa não tem um filho, sua esposa deve lhe perguntar. Se ele não tem uma esposa, [duas pessoas] perguntam um ao outro: “Por que está noite é diferente?” Isto se aplica mesmo se forem sábios. Uma pessoa que está sozinha deve indagar-se: “Por que esta noite é diferente?”

Halakha 4
Deve-se começar [narrando] as origens [do povo] e concluir com o louvor. O que isso implica? Começa-se relatando como originalmente, nos tempos de TeraH, nossos antepassados negavam [a existência do Eterno] e se desviaram segundo a vaidade, buscando a idolatria. Conclui-se com a verdadeira fé: como o Onipresente nos aproximou de Sua Unicidade.

Semelhantemente, começa-se relatando que fomos servos do Faraó no Egito, e todo o mal que nos foi feito, e conclui-se com os milagres e prodígios que foram operados sobre nós, e nossa liberdade.

Isto é, deve-se extrapolar desde “meu pai era um arameu errante…” até concluir toda a passagem. Quem acrescentar e expandir sua extrapolação dessa passagem é louvável.

Halakha 5
Quem não menciona esses três assuntos na noite do décimo-quinto não cumpriu sua obrigação. São eles: o sacrifício do Pessah, a massah, e merorim [ervas amargas].

O sacrifício do Pessah: Porque o Onipresente passou as casas dos nossos antepassados do Egito conforme é dito: “Este é o sacrifício do Pessah ao Eterno” [Ex. 12:27]

Merorim [ervas amargas]: Porque os egípcios amarguraram as vidas dos nossos antepassados no Egito.

A massah: Por causa da redenção. Essas afirmações são chamadas de Hagadah.

Halakha 6
A cada geração, a pessoa deve se apresentar como se ele próprio tivesse agora deixado a escravidão do Egito, conforme é dito: “E dali nos tirou.” [Dt. 6:23]. Acerca dessa questão, o Eterno ordenou na Torah: “Porque te lembrarás que foste servo” [Dt. 5:15] – isto é, como se você próprio tivesse sido um servo e tivesse saído para a liberdade e tivesse sido redimido.

Halakha 7
Portanto, quando uma pessoa festeja nessa noite, deve comer e beber reclinando, à maneira dos homens livres. Cada um, tanto homem quanto mulher, deve beber quatro taças de vinho [ou suco de uva] nessa noite. [Este número] não deve ser reduzido. Mesmo uma pessoa pobre que é sustentada por caridade não deve ter menos do que quatro taças. O tamanho de cada uma dessas taças deve ser um revi’it.

Halakha 8
Mesmo um dos pobres de Israel não deve comer até reclinar. Uma mulher não é obrigada a reclinar. Se ela for uma mulher importante, deve reclinar. Um filho na presença de seu pai ou um subordinado na presença de seu mestre deve reclinar. Contudo, um aluno na presença de seu professor não deve reclinar exceto se seu professor o conceder permissão.

Reclinar-se sobre o lado direito não é considerado reclinar. Nem reclinar-se sobre as costas ou para a frente.

Quando devemos reclinar? Quando comemos a porção do tamanho de uma azeitona de massah e quando bebemos essas quatro taças de vinho [ou suco de uva]. Ao comer e beber em outras ocasiões: Se alguém se reclina, é louvável; caso contrário, não é um requisito.

Halakha 9
Essas quatro taças devem ser misturadas com água para que bebê-las seja agradável. Tudo depende do vinho da preferência de quem bebe. Essas quatro [taças] devem conter pelo menos um revi’it de vinho [ou suco de uva] puro.

Alguém que bebeu essas quatro taças de vinho [ou suco de uva] que não foi misturado [com água] cumpriu a obrigação de beber quatro taças de vinho, mas não cumpriu a obrigação de fazê-lo de forma que expressa liberdade.

Alguém que bebeu, de uma só vez, essas quatro taças misturadas cumpriu a obrigação de beber vinho [ou suco de uva] de forma que expressa liberdade, mas não cumpriu a obrigação das quatro taças de vinho.

Alguém que bebeu a maior parte de cada uma dessas taças cumpriu a sua obrigação.

Halakha 10
Para cada uma dessas quatro taças, recita-se uma bênção singular. Além disso:

Para a primeira taça, recita-se o qidush referente ao dia;

Para a segunda taça, faz-se a leitura da Hagadah;

Para a terceira taça, recita-se a birkhat hamazon [bênção após os alimentos];

Para a quarta taça, conclui-se o Halel e recita-se a bênção para cânticos.

Entre essas taças, se alguém desejar beber, é permitido. Entre a terceira e quarta taças, não se deve beber.

Halakha 11
O Harosset é uma miswah pelas palavras dos escrivães [da Corte Mosaica] para comemorar o barro que [nossos pais] trabalharam no Egito. Como é feito?

Tomamos tâmaras, figos secos, passas ou coisas semelhantes, e os esmagamos, adicionamos a eles vinagre, os misturamos com especiarias, como a argila é misturada com palha. Ele é colocado na mesa nas noites de Pessah.

Halakha 12
Segundo a Torah, comer maror [erva amarga] não é uma miswah por si própria, mas sim é dependente do consumo do sacrifício do Pessah. É uma miswah positiva comer o sacrifício do Pessah junto com massah e ervas amargas. Pelas palavras dos escrivães [da Corte Mosaica] comer maror [erva amarga] nesta noite mesmo se não houver sacrifício do Pessah.

Halakha 13
As ervas amargas referidas pela Torah são alface-romana, chicórias [endívia, almeirão. etc.], raiz-forte, Harhavinah, e absinto.

Quem comeu uma porção do tamanho de uma azeitona de uma dessas, ou de todas as cinco [espécies] combinadas, cumpriu sua obrigação.

Isso se aplica enquanto elas estão úmidas. Pode-se cumprir a obrigação com o caule delas mesmo que esteja seco. Não se pode cumprir a obrigação se elas forem cozidas, estiverem em conserva, ou forem cozidas.

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