Sefer haMadá` – Hilkhot Yessodê haTorá – Capítulo 4

Halakhá 7
Nunca verás matéria sem forma, nem forma sem matéria. É o coração do homem que, em seu conhecimento, considera os corpos que são encontrados e sabe que eles são uma combinação de matéria e forma.

Ele aprecia que há corpos cuja matéria é uma combinação dos quatro [elementos] fundamentais, corpos cuja matéria é simples e que contêm somente um tipo de matéria, e formas que não têm matéria e não podem ser vistas pelo olho. [Essas últimas] só se discernem pelo olho do coração. Assim como sabemos [da existência] do Senhor de tudo, apesar de não vê-[Lo] com [nossos] olhos.

Halakhá 8
A alma de toda carne é a forma que foi dada por El. E a dimensão adicional que é encontrada na alma do homem é a forma do homem que é perfeito em seu conhecimento. Acerca dessa forma, a Torá afirma: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” [Gn. 1:26] Isto é, conceder ao homem uma forma que conhece e compreende ideias que não são concretas, tal como os mal’akhim, que são formas sem corpo, de modo a poder se assemelhar a eles. Isso não se refere à forma do corpo percebida pelo olho – isto é, a boca, o nariz, as bochechas, e o restante da estrutura do corpo. Isso é referido como ‘aparência’.

Não é a alma encontrada em toda carne vivente que a permite comer, beber, reproduzir-se, sentir e pensar. Ao contrário, o conhecimento é a forma dessa [dimensão da] alma é acerca dessa forma da alma que o versículo afirma: “à nossa imagem e semelhança.” Frequentemente, essa forma é chamada de nefesh [vitalidade] ou ruaH [sopro]. Portanto, deve-se tomar cuidado acerca desses nomes, para que outra pessoa não erre acerca dele. Cada nome revela suas características.

Halakhá 9
A forma dessa alma não é uma combinação dos [elementos] fundamentais naquilo que finalmente se decomporá, nem vem do fôlego [neshamá] de modo que requereria fôlego, uma vez que o fôlego requer o corpo. Ao invés disso, em de ADONAY, do céu.

Portanto, quando a matéria, que é a combinação dos [elementos] fundamentais] se decompõe, o fôlego [neshamá] cessa de existir – pois o fôlego só existe juntamente com o corpo e requer o corpo para todas as suas obras – essa forma não será cortada, pois essa forma não requer fôlego para suas obras. Ao contrário, ela sabe e compreende conhecimento que está acima da matéria, conhece o Criador de todas as coisas, e existe eternamente. Em Sua sabedoria, Shelomo [disse]: “E o pó volte à terra, como o era, e o sopro volte a Elohim, que o deu.” [Ec. 12:7]

Halakhá 10
Todos esses conceitos que explicamos nesse contexto são como uma gota em um balde. São assuntos profundos. Ainda assim, sua profundeza não se aproxima da profundeza do assunto do primeiro e segundo capítulos.

A explicação de todo o assunto no terceiro e quarto capítulos é referida como ‘Obra da Criação’ [Ma`assê Bereshit]. Os sábios das primeiras gerações ordenaram que esses assuntos não devem ser aprofundados em público. Ao contrário, um único indivíduo deve ser informado acerca deles e ensinado neles.

Halakhá 11
Qual a diferença entre um assunto da Obra da Carruagem [Ma`assê Merkavá] e um assunto da Obra da Criação [Ma`assê Bereshit]? O assunto da Obra da Carruagem nunca deve ser aprofundado – nem mesmo para um único indivíduo – a não ser que ele seja sábio e capaz em entendimento, [nesse caso] recebe os pontos fundamentais.
[Ao contrário,] o assunto da Obra da Criação pode ser ensinado a qualquer indivíduo mesmo que ele seja incapaz de compreender com seus próprios poderes de entendimento. Ele pode ser informado sobre tudo o que puder saber sobre esses assuntos. Por que não são ensinados publicamente? Porque nem toda pessoa tem o vasto conhecimento necessário para assimilar a interpretação e a explicação desses assuntos de maneira completa.

Halakhá 12
Quando uma pessoa medita nesses assuntos e reconhece todas as criações, os mal’akhim, as órbitas, o homem, e coisas semelhantes, e aprecia a sabedoria do Sagrado, bendito seja Ele, em todas essas criações, acrescentará ao seu amor por Elohim. Sua alma ficará sedenta e sua carne ansiará em amor por ADONAY, bendito seja Ele.

Ele permanecerá em temor e tremor por sua [natureza] humilde, modesta e inferior, quando compara a si mesmo com os grandes e sagrados corpos [celestiais], quanto mais quando compara a si mesmo com as formas pura que são separadas da matéria e não têm com ela nenhuma conexão. Ele verá a si próprio como um vaso repleto de constrangimento e vergonha, vazio e insuficiente.

Halakhá 13
Os assuntos discutidos nestes quatro capítulos acerca desses cinco mandamentos são o que os sábios das gerações anteriores denominaram Paraíso [Pardes], tal como são relatados: “Quatro entraram no Paraíso…” Apesar de terem sido grandes homens de Israel e grandes sábios, nem todos eles tinham o potencial para conhecer e compreender todos esses assuntos em sua totalidade.

Mantenho que não é adequado a uma pessoa caminhar no Paraíso a não ser que tenha preenchido seu ventre com pão e carne. “Pão e carne” se referem ao conhecimento do que é permitido e do que é proibido, e assuntos semelhantes acerda de outras miswot. Apesar dos sábios se referirem a esses como “um assunto pequeno” – nossos sábios disseram: “‘Um grande assunto’ – isso se refere à Obra da Carruagem [Ma`assê Merkavá]. ‘Um assunto pequeno’, isso se refere aos debates de Abaye e Ravá”, ainda assim é a propriado a dar a eles precedência, porque eles acalmam a mente de uma pessoa.

Além disso, essas [coisas] são o grande bem que o Sagrado, bendito seja Ele, concedeu [para permitir uma vida de] estabilidade neste mundo e a aquisição de vida no mundo vindouro. Elas podem ser conhecidas em sua totalidade pelos grandes e pelos pequenos, homens ou mulheres, quer [dotados de] conhecimento amplo ou conhecimento limitado.