Halakhá 1
É uma miswá amar e temer esse glorioso e temível El, conforme é dito: “Amarás, pois, ADONAY teu Elohim.” [Dt. 6:5] e conforme é dito: “ADONAY teu Elohim temerás” [Dt. 6:13]
Halakhá 2
Qual é o caminho para amá-Lo e temê-Lo? Quando se contempla suas assombrosas e grandiosas obras e criações e aprecia a Sua infinita sabedoria que ultrapassa toda comparação, imediatamente se ama, louva e glorifica-O, ansiando com tremendo desejo de conhecer o [Seu] grande Nome, conforme disse Dawid: “A minha alma tem sede de Elohim, do El vivo.” [Sl. 42:3]
Quando se continua a refletir nesses mesmos assuntos, imediatamente se recolhe em temor e tremor, apreciando o quanto se é uma criatura pequena, baixa e sombria, de pé com sua sabedoria superficial e limitada perante Aquele que é perfeito em conhecimento, tal como Dawid afirmou: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos… Que é o homem mortal para que te lembres dele?” [Sl. 8:4-5]
Baseado nesses conceitos, explicarei princípios importantes acerca das obras do Senhor dos mundos, para prover uma base para que a pessoa de entendimento ame a ADONAY, conforme nossos sábios disseram acerca do amor: “Dessa forma, reconhecereis Aquele que falou e trouxe o mundo à existência.”
Halakhá 3
Tudo que o Sagrado, bendito seja Ele, criou em Seu mundo é dividido em três categorias. Elas incluem:
– Criações que combinam forma e matéria. Elas estão constantemente vindo à existência, e cessando de existir. Por exemplo, os corpos do homem, e das feras, plantas, e metais.
– Criações que são uma combinação de matéria e forma, mas não mudam de corpo para corpo, e de forma para forma como aquelas na primeira categoria. Ao invés disso, sua forma é permanentemente afixada em sua matéria, e eles não mudam como os outros fazem. Por exemplo, as esferas e estrelas [que revolvem] nelas. A matéria delas difere da matéria [das demais coisas] e a forma delas difere [de outros tipos de] forma.
– Criações que têm forma, mas não têm matéria. Por exemplo, os malakhim, pois os malakhim não possuem corpos, nem físico, mas na realidade são formas que são distintas umas das outras.
Halakhá 4
O que significam as afirmações dos profetas de que viram um malakh de fogo ou com asas? Todas essas são visões proféticas e parábolas, conforme é dito: “Porque ADONAY teu Elohim é um fogo que consome” [Dt. 4:24], apesar dEle não ser fogo, e sim isso ser apenas metafórico. Semelhantemente, é dito: “Faz dos seus malakhim ventos, [dos seus ministros um fogo abrasador.” Sl. 104:4]
Halakhá 5
Uma vez que não possuem corpo, o que separa as formas [deles] umas das outras? A existência deles não é idêntica. Ao contrário, cada um está abaixo do nível do outro e existe por virtude de sua influência, um acima do outro.
Tudo existe por virtude da influência do Sagrado, bendito seja Ele, e Sua bondade. Shelomo aludiu a isso em sua sabedoria, dizendo: “pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia” [Ec. 5:8]
Halakhá 6
A expressão “abaixo do nível do outro” não se refere à altura num sentido espacial, como se estivesse sentado acima de seu colega. Por exemplo: Quando se fala de dois sábios, aquele é é maior do que o outro dizendo: “um está acima do nível do outro.” Semelhantemente, uma causa é referida como estando acima do seu efeito.
Halakhá 7
Os diferentes nomes pelos quais os mal’akhim são chamados refletem seus níveis. Assim, são chamados:
1) Os viventes [Hayot] de santidade, que estão acima de todos; [Ez. 1 e 10]
2) As rodas [ofanim – Ez. 1 e 10]
3) Os valentes [er’elim – Is. 33:7]
4) Os brilhantes [Hashmalim – Ez. 1:4]
5) Os incandescentes [serafim – Is. 6:1-8]
6) Os mensageiros [mal’akhim]
7) Os poderosos [elohim]
8) Os filhos dos poderosos [benê elohim];
9) Os próximos [keruvim]
10) Os humanos [ishim]
Esses dez nomes que são usados para se referir aos mal’akhim refletem seus dez níveis. O nível de cima, que não tem nenhum nível acima exceto o de Adonay, bendito seja, é o da forma chamada ‘viventes’. Portanto, os profetas afirmam que eles estão abaixo do trono da glória dEle.
O décimo nível é o da forma chamada ‘humanos’. Eles são os mensageiros que se comunicam com os profetas e são percebidos por eles em visões proféticas. Portanto, são chamados ‘humanos’, porque seu nível está próximo ao do conhecimento humano.
Halakhá 8
Todas essas formas são vivas. Elas reconhecem e conhecem o Criador com conhecimento imenso, cada uma das formas segundo o seu nível e não segundo a sua [própria] grandeza.
Mesmo o nível mais alto não é capaz de conceber a verdadeira natureza do Criador como Ele é, uma vez que sua capacidade intelectual é limitada demais para conhecer ou concebê-Lo. Elas, contudo, compreendem e sabem mais do que a forma que está abaixo delas.
Isto é verdadeiro acerca de todos os níveis, inclusive do décimo nível. Esse também conhece o Criador de uma maneira que supera o potencial de conhecer o compreender dos seres humanos feitos de corpo e alma. Nenhuma pode conhecer o Criador tal qual Ele conhece a Si mesmo.
Halakhá 9
Toda existência, além do Criador – desde a primeira forma até um pequeno mosquito nas profundezas – vieram a existir pela influência da Sua verdade. Uma vez que Ele conhece a Si mesmo e reconhece a Sua grandeza, beleza, e sabedoria, Ele conhece tudo, e nada está oculto a Ele.
Halakhá 10
O Sagrado, bendito seja Ele, reconhece a Sua verdade e a conhece tal como ela é. Ele não a conhece com conhecimento que está externo a Ele da forma que nós conhecemos, pois nós mesmos e nosso conhecimento não somos um. Ao invés disso, o Criador, bendito seja, Ele, Seu conhecimento, e Sua vida são um de todos os lados e cantos, e em toda forma de unidade.
Se Ele vivesse como [nós concebemos] a vida, ou conhecesse com um conhecimento que é externo a Ele, então haveria muitos deuses: Ele, a Sua vida, e o Seu conhecimento. A questão não é assim. Ao contrário, Ele é um de todos os lados e cantos, e em todas as formas de unidade. Assim, pode-se dizer: “Ele é o Conhecedor, Ele é o que é passível de conhecimento, e Ele é o próprio conhecimento.” Tudo é UM.
Esse assunto está além da capacidade de nossas bocas relatarem, nossos ouvidos ouvirem, e não há como o coração humano conceber isso em sua totalidade. É dito: “Pela vida de faraó” [Gn. 42:15], e “Pela vida de tua alma” [1 Sm. 25:26] mas não se diz: “Pela vida de Adonay”, mas sim “Como vive Adonay” [ibid], pois o Criador e Sua vida não são dois, assim como são as vidas dos seres viventes, ou as vidas dos mal’akhim.
Assim, Ele não reconhece e conhece as criaturas da forma como nós conhecemos as criaturas, mas sim Ele as conhece em termos de Si próprio. Assim, Ele conhece a Si próprio, Ele conhece tudo, pois a existência de todo o resto depende dEle.
Halakhá 11
Os conceitos que mencionamos nestes dois capítulos são como uma gota do que é necessário para explicar este assunto. A explicação de todos os princípios fundamentais destes dois capítulos é chamada de obra da carruagem [ma’assê merkavá – i.e. alusão a Ez. 1 e 10]
Halakhá 12
Os sábios das primeiras gerações ordenaram que esses assuntos não deveriam ser explicados exceto para um único indivíduo [por vez]. Deve ser um homem sábio, capaz de atingir entendimento com seu conhecimento. Em tal situação, recebe os pontos fundamentais, e linhas gerais dos conceitos lhes são dadas a conhecer. Ele [deve continuar a refletir] até que atinja o entendimento com sua capacidade de conhecimento e saiba o sentido e a profundidade derradeiros do conceito.
Esses conceitos são extremamente profundos, e nem todos têm o conhecimento necessário para apreciá-los. Em Sua sabedoria, Shelomo os descrevem pela metáfora: “os cordeiros serão para te vestires.” [Pv. 27:26] Assim, nossos sábios interpretaram esta metáfora: Assuntos que são os segredos do mundo serão para te vestires – isto é, serão somente para ti, e não para discutires em público.
Acerca deles, é ensinado: “Sejam para ti só, e não para os estranhos contigo.” [Pv. 5:17] É dito: “Mel e leite estão debaixo da tua língua.” [Ct. 4:11] Os sábios das primeiras gerações interpretaram: Assuntos que são como mel e leite devem ficar debaixo de tua língua.